Algumas pessoas simplesmente não se enquadram em grupos específicos de conhecimento (humanas, exatas e biológicas). Esse pode ser o seu caso! Gosta de física e matemática, mas também morre de amores pela biologia? Talvez o curso de Engenharia Florestal seja o ideal para você! Já ouviu falar nele?
Temos muito texto pela frente, mas como estamos falando do que você vai escolher para o seu futuro, não vai se importar de ficar um tempinho a mais na frente da tela, não é mesmo? Vamos falar um pouco sobre o curso, as matérias, o perfil do estudante de Engenharia Florestal, as perspectivas profissionais e ainda te dar dicas para mandar bem na faculdade.
Se interessou, mas não sabe como são as matérias ou o que fazer depois de formado? Neste post, vamos apresentar 5 coisas que você sempre quis saber sobre essa área, mas não tinha a quem perguntar.
Continua com a gente que a leitura vai valer a pena!
1. Para que serve a Engenharia Florestal?
Imagine um curso no qual você pode fazer parte do processo de recuperação do meio ambiente, por meio de práticas sustentáveis e do desenvolvimento de tecnologias que garantam o abastecimento da indústria e a preservação da natureza. Bem-vindo à Engenharia Florestal!
O profissional dessa área é preparado para implantar técnicas de exploração sustentável de recursos florestais dos mais diversos biomas. Ele também pode atuar em atividades de recuperação de áreas degradadas, conservação e lazer bem como na fiscalização de indústrias que utilizam recursos naturais.
Falaremos do mercado para o engenheiro florestal mais à frente, até porque, para ter o diploma nas mãos é preciso passar pelo curso!
2. Como funciona o curso de Engenharia Florestal?
Como todas as outras engenharias, o curso começa com uma carga significativa de matérias de exatas, com bastante matemática (em suas variações Cálculo 1 e 2), física e química.
Algumas disciplinas da área de biológicas também aparecem já no primeiro ano, mas de uma forma mais generalista. Bioquímica, anatomia vegetal, metabolismo celular, morfologia e ecologia geral vão estar entre os principais temas abordados.
Os conteúdos mais específicos começam depois do segundo ano. Nesse ponto, alguns assuntos conversam bastante com o curso de Agronomia. Isso porque o estudante de Engenharia Florestal também vai aprender sobre nutrição das plantas, características e fertilização do solo e até administração rural.
Outras áreas de estudo apresentadas durante o curso são direito ambiental, noções de economia, planejamento urbano e fundamentos da administração.
Ecologia, produção e tecnologia
O curso de Engenharia Florestal apresenta, em sua estrutura básica, 3 áreas de estudo: Ecologia Aplicada, Produção Florestal e Tecnologia da Madeira. Vamos entender melhor cada uma a seguir.
Ecologia Aplicada
Esse campo de estudo reúne os conteúdos voltados para a pesquisa de ecossistemas (clima, solo, bacias hidrográficas, flora e fauna). O objetivo é buscar soluções de manejo sustentável, recuperação de áreas degradadas, preservação de reservas naturais ou ainda de ecossistemas urbanos.
Produção Florestal
Nesta área, o estudante aprende como lidar com todo o ciclo de vida de uma floresta: faz análise de sementes, a produz mudas, realiza manipulações genéticas, lida com o plantio, medições e acompanhamento, proteção contra o fogo, além da colheita e do transporte da madeira.
Tecnologia da madeira
Aqui será pesquisada a madeira, especialmente o processo de transformação da árvore em matéria prima para a construção civil, produção de móveis, papel e energia. São estudados os processos químicos envolvidos para a produção de celulose e de carvão. Além disso, o aluno também vai aprender como fazer o controle e o gerenciamento de qualidade da indústria madeireira.
Entre as outras matérias de aplicação direta, estão a análise, conservação e proteção de recursos naturais, botânica, silvicultura, certificação florestal, gerenciamento de resíduos sólidos e de recursos hídricos. Muitas das disciplinas de conteúdo específico se dividem em parte prática e teórica, seja em laboratórios ou atividades de campo.
O curso de Engenharia Florestal tem duração de cinco anos e o estágio supervisionado é obrigatório.
3. Qual o perfil do estudante de Engenharia Florestal?
Feche os olhos. Agora imagine que bem na sua frente apareceu uma máquina do tempo para levá-lo para, digamos, uns dez anos à frente. Você desembarcou e foi procurar o seu eu do futuro.
Onde o encontrou?
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a) Em um escritório, cercado de papéis e reuniões, numa grande metrópole;
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b) No meio da floresta, numa pesquisa de campo com uma tribo Yanomâmi, para entender melhor as técnicas de cultivo de subsistência.
Se a sua resposta foi a letra “b” e você continua lendo este post, é bastante provável que tenha encontrado seu lugar no mundo na Engenharia Florestal. Definitivamente, essa não é uma profissão para quem gosta de salto alto, terno e gravata. O bom engenheiro florestal gasta grande parte do seu tempo em campo, junto à natureza.
Eu quero uma casa no campo
Outra informação importante para quem está pensando nessa carreira: o maior percentual de oportunidades de emprego está em pontos afastados ou cidades do interior. Então, não se importar de viver longe dos centros urbanos e as comodidades que eles oferecem é fundamental para quem quer ser um engenheiro florestal.
Diversidade biológica e cultural
Nesse ramo, é preciso ter verdadeira paixão pela pesquisa e pela biologia. Isso pode significar precisar ficar um período afastado das pessoas a quem você ama. Saber manter o controle emocional e ser uma pessoa independente é uma característica básica para quem quer progredir na área.
Para ser um bom profissional de Engenharia Florestal também é importante ter a mente aberta para as diversas culturas e modos de vida e, acima de tudo, respeito. Desde o dono de uma indústria de celulose, até o pequeno agricultor de subsistência, passando por comunidades ribeirinhas e tribos indígenas, esse trabalho é uma oportunidade incrível de conhecer pessoas diferentes.
Todos, dentro de sua vivência com o mundo, possuem uma riqueza sem fim no lidar com os produtos que a terra produz. O engenheiro florestal pode tanto ajudar a esses indivíduos, com informações e novas técnicas, como também aprender e tomar parte da sabedoria ancestral.
Curtiu? Já está consegue se ver no futuro como um profissional da Engenharia Florestal? Calma! Para isso você precisa passar (e bem) pelo curso. Vamos te mostrar como a seguir.
4. Como se sair bem no curso?
Se você chegou até aqui é porque está gostando da ideia de se tornar um engenheiro florestal e já está pensando em como mandar bem no curso. Separamos algumas dicas que podem melhorar o seu rendimento e, de quebra, te colocar no mercado de trabalho. Confira!
Foco nos estudos
Sabemos o quanto a vida universitária é cheia de tentações. São novos amigos, festas, baladas… Mas, logo no primeiro período, você vai perceber que as disciplinas vão exigir uma dedicação extra de sua parte! Isso significa que, se der mais atenção para sua vida social que para a faculdade, é bomba na certa!
É claro que não queremos que você se transforme em um zumbi do Cálculo 1! Você pode marcar de sair com a galera de vez em quando, mas, se quer mandar bem em um curso de engenharia, mantenha o foco nos estudos sempre!
Valorize as disciplinas iniciais
Elas são famosas por tirar o sono e aterrorizar nas notas. Muitos se revoltam, chegam até a pensar em desistir do curso ao dar de cara com as temidas matérias de cálculo, geometria analítica, física, álgebra linear, mas não se desespere.
Apesar de não parecerem de cara, esses conteúdos vão ser muito importantes para você no futuro (no curso como na vida profissional).
Então respire fundo, encontre um lugar tranquilo e comece a estudar. Você não é a primeira pessoa a encontrar dificuldades nessas disciplinas e nem será a última! Então guarde a autopiedade na gaveta e comece a fazer algo a respeito.
Procure fazer os exercícios com atenção, pergunte tudo o que puder para o professor e, se perceber que não está dando conta sozinho, monte um grupo de estudos! Muitas vezes o que é complicado para a sua cabeça o outro pode tirar de letra.
Comece a comprar seus equipamentos
O Brasil é o país do jeitinho, mas isso não pode se aplicar em seus materiais. Desde já vale a pena investir em uma boa calculadora, GPS, fita métrica e outros equipamentos que serão indicados por seus professores ao longo do curso. Se souber comprar, muitos deles poderão te acompanhar ainda por um bom tempo na vida profissional.
Transforme-se em um mestre do Excel
10 entre 10 engenheiros usam o Excel para facilitar a vida na hora de apresentarem projetos que necessitam de projeções e cálculos complexos. Por isso é bom você começar a se tornar íntimo desse software.
E não estamos falando só de saber colocar os números nas células e apertar aquele botãozinho de somatório. É preciso ser um usuário avançado do programa para dar conta dos trabalhos que vêm por aí.
Aprenda uma segunda (ou terceira) língua
Se você não sabe ler, escrever e falar em inglês, é hora de correr atrás do tempo perdido! Além de muitos materiais estarem disponíveis na língua do Tio Sam, existem oportunidades de estágio e emprego em multinacionais que contam a fluência como um pré-requisito.
Se você já é bom em inglês, é interessante pensar em investir em outras línguas, como o espanhol e o mandarim. Elas podem expandir os horizontes do mercado de trabalho depois que estiver com o diploma nas mãos.
Ative o escoteiro que existe em você
Para fazer o curso de Engenharia Florestal, o nojinho precisa ficar em casa! Especialmente nas aulas práticas, não tenha medo de colocar o pé na lama, se arranhar em um galho de árvore ou dar de cara com insetos e outros animais. Provavelmente, esse contato com o mundo natural vai se tornar a sua rotina em breve.
Procure se preparar para essas atividades sem exageros (não vai ter tomada no meio do mato para seus aparelhos). Tenha em sua mochila um bom repelente, uma muda de roupa seca, um saco de dormir (se for passar a noite), comida e sacolas para recolher o lixo e guardar a roupa suja/molhada).
Procure também se informar (se possível treinar) algumas técnicas de sobrevivência. Pode parecer alarmista esperar que aconteça um acidente que o deixe isolado do mundo civilizado. Mas pequenas artimanhas podem te salvar! Uma dica que todo especialista em selva costuma dar é cuidar bem dos pés.
São eles que vão mantê-lo em movimento, por isso precisam de atenção. Não deixá-los molhados por muito tempo, por exemplo, pode evitar a formação de micoses e feridas.
Participe de congressos e eventos
São em congressos, feiras e eventos que muitas tecnologias de ponta são apresentadas. Ou seja, uma excelente oportunidade para ficar antenado com o que existe de novo no mercado.
Muitos desses encontros também abrem espaço para apresentação de trabalhos e, se você já estiver envolvido em alguma pesquisa na faculdade, pode ser a oportunidade para mostrar os seus estudos, se tornar mais conhecido e já ir ganhando mais experiências para colocar no currículo.
Falando em experiência, muitos congressos e eventos costumam ter painéis com oportunidades de estágio e até mesmo a participação de empresas interessadas em recrutar estudantes para programas trainee, o que já pode se transformar em uma oportunidade de emprego. Vamos falar melhor sobre isso na próxima dica.
Fique de olho nas oportunidades bolsas e de estágios
Mesmo que as disciplinas mais específicas só comecem a aparecer no segundo ano de faculdade, procure desde cedo por vagas de estágio ou bolsas de iniciação científica. Essa é uma forma de entrar em contato com o que você está aprendendo e já ganhar experiência (que pode entrar no seu currículo).
Alguns programas de estágio, dependendo do desenvolvimento e empenho do estudante, podem ser a porta de entrada para um emprego. Por isso, ao procurar uma vaga, esteja atento para se candidatar para áreas onde realmente deseja trabalhar. Isso pode determinar seu rumo profissional para o resto de sua vida!
Comece já a fazer networking
Já ouviu falar nessa palavrinha? É um termo em inglês que significa a capacidade de estabelecer uma rede de contatos. Por mais que existam uma série de processos seletivos e você seja uma pessoa capacitada, sabemos o quanto pode pesar uma indicação.
Procure, em seus estágios e nos eventos que participar, conhecer engenheiros e empresários que possam abrir as portas para sua carreira profissional.
Outra dica interessante é criar um perfil no LinkedIn, que é uma rede social mais voltada para o mercado de trabalho. Monte lá o seu currículo, mantendo-o sempre atualizado e comece a se conectar com empresas que sejam do seu interesse.
Descanse
Começamos essas dicas dizendo que você precisa focar nos estudos e tomar cuidado com os encantos da vida social universitária, certo? Mas os momentos de descanso também são importantes. É claro que virar a noite na balada pode não ser necessariamente algo relaxante!
O importante é encontrar o equilíbrio. Procure mesclar suas atividades! Saia com os amigos de vez em quando, mas também tire um tempo para um cochilo, um cineminha, um livro de ficção etc.
Encontrar atividades não relacionadas diretamente à engenharia que descontraiam também ajuda. Um esporte três vezes por semana pode fazer maravilhas para a sua saúde, mente e disposição!
5. Quais as principais oportunidades no mercado de Engenharia Florestal?
Como a preocupação com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável só tem ganhado mais espaço nos últimos anos, as oportunidades na Engenharia Florestal têm crescido exponencialmente. Essa é uma ótima notícia para quem está pensando em optar por essa carreira!
Como dissemos, as melhores oportunidades estão em regiões mais afastadas. E como temos a maior floresta tropical do mundo em nosso território, é claro que a Amazônia é um grande nicho de mercado.
Mas existem também algumas alternativas no serviço público para quem quer encontrar um meio termo entre a natureza e a cidade, como veremos mais adiante. Vamos apresentar algumas das principais áreas de atuação da Engenharia Florestal. Confira!
Tecnologia de produtos florestais
A indústria de papel e celulose é muito forte no Brasil, o que garante excelentes oportunidades de trabalho para o profissional de Engenharia Ambiental. Neste campo, ele pode atuar acompanhando o processo de transformação da madeira em celulose, além de desenvolver novas técnicas para potencializar o aproveitamento da matéria prima.
Outros produtos extraídos da madeira, como óleos e resinas, geram vagas em uma infinidade de empresas, desde o setor de cosméticos à produção de colas e adesivos.
Manejo florestal
A atuação do engenheiro florestal em projetos de reflorestamento é primordial para indústrias que utilizam a madeira, e outras matérias primas produzidas pela natureza. O profissional aqui vai contribuir para a elaboração e acompanhamento de projetos de reflorestamento, podendo aumentar a produtividade da empresa por meio de melhoramento de sementes e insumos além do controle de pragas.
Recuperação de áreas degradadas
Muitas são as indústrias que para produzir acabam causando danos ao meio ambiente. Eles podem acontecer por acidente, falta de medidas de segurança necessárias ou mesmo pela própria característica da matéria prima extraída.
Não é preciso ir muito longe para encontrar problemas ambientais causados por empresas, como foi o caso de Mariana (MG). Essa foi uma situação mais notória, que apareceu nos jornais, mas, todos os dias, pequenos e grandes impactos são causados.
De acordo com o artigo 255 da Constituição Federal, é responsabilidade da empresa recuperar as áreas afetadas por suas ações. Aí entra o engenheiro florestal! O setor de recuperação de áreas degradadas é um dos que mais cresce no Brasil e absorve uma fatia considerável de mão de obra.
Ecologia aplicada
Se você é mais ativista e está preocupado com a preservação do meio ambiente, um bom campo de trabalho é a ecologia aplicada. As possibilidades de trabalho podem estar ligadas a ONGs, órgãos governamentais e também indústrias que têm como foco a responsabilidade social.
A ação do engenheiro florestal aqui terá maior foco na administração e gerenciamento de reservas. Outra frente é a educação ambiental, ajudando grupos de pessoas que extraem matéria prima da floresta e ajudam a melhorar os processos de exploração para preservar os recursos naturais.
Ecoturismo
Essa também é uma área que tem crescido bastante no Brasil e demanda o trabalho do engenheiro florestal. É ótimo ter cada vez mais pessoas interessadas em conhecer e estar em harmonia com a natureza.
Mas um volume grande de turistas mal orientados pode causar danos à floresta — que vai desde o lixo deixado para trás como também trilhas mal elaboradas, sem levar em conta o tipo de terreno.
É aí que entra o trabalho do profissional da área, analisando os impactos no ambiente, orientando quanto ao período de permanência na floresta e administrando locais a serem visitados.
Fiscalização
Existem oportunidades na carreira pública também para o Engenheiro Florestal, especialmente no setor de fiscalização. Há uma série de órgãos nacionais (como o IBAMA) e estaduais, nos quais é necessário conhecimento para inspecionar empresas ou particulares que usam matéria-prima de origem florestal. Esse trabalho pode acontecer diretamente na mata ou no interior das indústrias.
É importante lembrar que todo engenheiro florestal precisa ter seu registro junto ao CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) para exercer sua profissão no estado onde trabalha.
Decisões à vista
Se você chegou ao fim deste post, já conseguiu ter uma ideia básica do que o aguarda, caso sua opção seja o curso de Engenharia Florestal. Procuramos mostrar um pouco da formação do curso, as matérias e áreas específicas, além de apresentar qual o perfil do aluno.
Também demos algumas dicas para mandar bem na faculdade, podendo até já sair com uma vaga de emprego cavada! Por fim, explicamos um pouco sobre os campos de atuação para dar a você uma ideia do leque de opções na vida profissional.
Esperamos que este texto o tenha ajudado a escolher seu destino profissional! Mas se o curso de Engenharia Florestal não era exatamente o que você esperava ou se quer saber mais sobre essa área, assine nossa newsletter! Temos um monte de conteúdo que vai ajudá-lo antes e depois do vestibular!