Querer seguir outro rumo profissional é normal. Com a expectativa de vida do brasileiro cada vez mais alta e a possibilidade de estar mais tempo no mercado de trabalho, especialistas defendem que será ainda mais constante o perfil de pessoas que optam pela mudança de carreira.
Há até quem defenda que, independentemente do tempo de trabalho durante a vida, querer novos rumos é normal. O sociólogo francês Gilles Lipovetsky, por exemplo, dá o nome de “don juanismo” a esse fenômeno.
O termo alude ao personagem Don Juan, do escritor espanhol Fray Gabriel Telles, que conheceu mais de mil mulheres. Gilles acredita que, como o ser humano é por excelência um colecionador de experiências memórias, existe esse temor de que a vida passe sem que seja aproveitada as diversas oportunidades — e isso inclui a parte profissional.
De acordo com a professora de comportamento organizacional da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Tania Casado, a mudança de paradigma de como encaramos a carreira já vem de algum tempo.
Para ela, houve uma época em que o trabalho tinha de ser algo penoso, mas isso mudou. “Ele é uma etapa importante da vida. Por isso, tem de trazer realização”, disse em entrevista para o portal da Exame.
No post de hoje, entenda melhor a mudança de carreira e o que é preciso fazer para tornar esse processo o mais tranquilo possível!
Autoconhecimento
A professora da Casa do Saber, de São Paulo, a filósofa Bia Machado, também afirmou ao portal que a saída é tentar se autoconhecer para, então, pensar a carreira em longo prazo.
Nesse processo, uma alternativa é a contratação de um coach de carreira. Durante as sessões, o profissional ajuda a entender por que o cliente está insatisfeito com a própria carreira. A partir disso, sugere uma mudança de emprego ou área de atuação.
É válido recorrer a um coach porque ele tem táticas específicas. Alguns, por exemplo, fazem perguntas para entender o estado de felicidade do cliente, quais são seus gostos, onde se vê em 5, 10 e 15 anos, entre outras coisas.
Para o coach Renato Pradillas, em entrevista à Folha de S. Paulo, quem pensa em mudança de carreira deve considerar todos os prós e contras. “Mais de metade dos clientes se convence de que não quer mudar de carreira, mas mudar de departamento ou de empresa”, contou.
Planejamento
A partir do momento em que a pessoa tiver certeza da mudança na vida profissional, é válido começar um planejamento. O que inevitavelmente implicará em pensar na própria saúde financeira.
Segundo o especialista Silvio Celestino, que conversou com a equipe do blog Vagas, o primeiro ponto que deve ser avaliado é que, dependendo do nível de alteração na carreira, pode ser que o profissional atue numa área iniciante, com um salário menor.
Por isso, ele defendeu a necessidade de uma reserva financeira antes de começar a transição, principalmente se tem família e filhos. Ou seja, planejamento é essencial.
Também entra na conta conversar com alguém que já tenha feito uma mudança parecida. Uma pessoa que mudou de carreira pode apontar os melhores caminhos e evitar que outros incorram em erros parecidos.
Pés no chão
Esse contato ajudará em outro passo importante, com o qual o coach também pode ajudar: entender o mercado de trabalho. Mudar de carreira significa, geralmente, seguir seu sonho de verdade, mas é preciso ter os pés no chão.
Para isso, vale ter como foco aquilo que você gosta, mas sem deixar de estar atento ao mercado e ao potencial público.
O conhecimento acerca do mercado é essencial na mesma medida que as informações sobre as funções dentro da própria profissão são imprescindíveis. Por exemplo, se você quer se tornar um contador, é preciso saber do mercado de trabalho e como é o dia a dia e as atividades de um profissional desse ramo.
Nesse sentido, vale investir em palestras cursos e oficinas que tenham a ver com a área. As universidades têm atividades intensas desenvolvidas pelas graduações e pós-graduações. Ao procurá-las, é provável que surja uma gama de opções de aprendizagem.
Rede de contatos
Preste atenção no potencial das palestras e workshops. São eventos rápidos, mas que permitem contato com diversas pessoas que têm relação com a área desejada, ainda que elas não estejam no palco. Como diz o senso comum, de fato, o networking é um dos pilares de qualquer carreira.
Um estudo da consultoria de RH De Bernt Entschev Human Capital, abordou a questão do ponto de vista das pessoas que buscam recolocação sem mudar de área. Os dados valem para quem quer pensar sobre uma nova carreira. Na pesquisa, metade (47%) das recolocações das empresas nos nove anos anteriores tinham sido por meio do networking.
Numa entrevista do Estado com o CEO da De Bernt, Bernardo Entschev, foi destacado que a rede de contatos tem uma influência até maior do que mostrou a pesquisa. “O networking é como se fosse um músculo do corpo. Deve estar preparado para quando você precisar acioná-lo”, disse.
Ainda sobre aprendizagem, existe uma série de cursos online que podem ajudar qualquer pessoa a ter mais contato com uma área desconhecida. Apesar das aulas totalmente virtuais não permitirem que o aluno conheça os outros estudantes, o aprendizado pode ser extremamente valioso.
O próprio governo federal oferece uma alternativa gratuita: o “Escola do Trabalhador”. A iniciativa, parceria entre Ministério do Trabalho, Universidade de Brasília (UnB) e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), é destinada a profissionais de todas as áreas.
Para participar, é preciso preencher um formulário com nome, e-mail e CPF. A UnB ainda dá certificado de extensão para quem tirar a nota mínima. Os cursos são divididos nos 12 eixos tecnológicos.
É possível que nenhuma das opções de curso seja a ideal. Por isso, a dica também serve para quem pretende recorrer a cursos presenciais e às graduações em faculdade. Além de conversar com quem já passou pela mudança. Independentemente da escolha, o importante é não ficar parado.
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